Sempre me considerei um leitor razoável, e mesmo antes do blog, mantinha-me um pouco acima da média do número de livros lidos por ano. Obviamente que com o Listas Literárias, essa média aumentou e muito. Isto tem me permitido além de ler muito, comparar e encontrar diferentes leituras. Por isso hoje faço essa lista com motivos que me levam a considerar a ficção estrangeira mais atrativa do que a nacional. E, antes disso, já aviso aos revoltados de plantão, que esta não é uma lista para depreciar a literatura nacional, mas sim promover o debate sobre o assunto:
1 - Objetividade: Se há algo que me anime durante a leitura de um texto é sua objetividade. E aqui há uma grande diferença entre o que vem de fora e a produção nacional. A ficção estrangeira geralmente se prime pela objetividade e concisão de seu texto, o que propicia ao leitor grande dinamismo durante a leitura. Já a ficção nacional, não raro nos brinda com tramas ancoradas na subjetividade, ou na demasia de seus metaforismos;
2 - Movimento: A ficção estrangeira é muito centrada no movimento, e mesmo que quando se aprofunde questões psicológicas e ou filosóficas, isso vem acompanhando da ação que a justifique. A ficção nacional, pelo contrário, produz boa quantidade de trabalhos em que o cerne esta no imaterial contido em seus personagens;
3 - Descompromissada: Tenho para mim a impressão de que a ficção é construída de formas descompromissada, mesmo naqueles clássicos que mudaram, ou que estão mudando a literatura. é como se o autor por meio de suas palavras quisesse contar uma boa história da melhor forma possível, enquanto nossos ficcionistas brasileiros querem, ou ao menos pretendem, estar sempre obrigados a dizer algo que possa soar com profundidade;
4 - Entretenimento: Ao contrário da ficção brasileira (embora tenha movimentos na direção oposta) que envergonha-se de aliar a palavra "entretenimento"à literatura, a ficção estrangeira sabe muito bem se fazer desta busca, já que muitas vezes o que o leitor procura é apenas um momento para se entreter através das páginas de um livro;
5 - Oferta: Outra coisa que não se pode negar, é que devido a imensidade da oferta de ficção estrangeira publicada, acaba dando ao leitor brasileiro mais opções de escolha, diante do reduzido catálogo de bons ficcionistas nacionais;
6 - Metáforas: Mesmo tendo citado brevemente no item 1, outra diferença grande das duas ficções é de que raramente as obras estrangeiras são construídas sobre metáforas. Já há ficção nacional tem por tendência se enveredar pelo sentido figurado produzindo certas vezes até mesmo ambiguidades narrativas que levam os leitores a se perder no meio do caminho;
7 - Humor: Sou um cara que acredita que o humor pode contribuir muito para "a paz mundial". E a ficção estrangeira tem muito disto, com textos que em sua grande maioria, até mesmo os mais tensos não se esquecem da suavidade, ou da quebra da rotina através do uso do humor em seus textos. Já nossa ficção parece sempre levar-nos a um caminho de seriedade, que na prática nem mesmo é exercitado em nosso cotidiano;
8 - Militância: A ficção estrangeira, pelo que já falei nos itens anteriores, e outros fatores não é via de regra uma literatura militante, ao contrário dos ficcionistas brasileiros que na minha humilda opinião estão sempre buscando por meio de sua ficção convencer seus leitores a seguir seu próprio ponto de vista, sejam de esquerda, direita ou centro;
9 - Amplitude: A ficção estrangeira me parece muito ampla e consegue dar vida e voz a suas diferentes matizes sociais, enquanto a nossa ficção ainda centra-se muito nos dois principais clichês: ou vende nossas mazelas sociais, ou então nossa natureza corruptível e devassa;
10 - O Desconhecido: Além disso, não se pode deixar de levar em consideração que é natural que aquilo que nos parece distante atrair mais atenção do que aquilo que já conhecemos de perto;