Quando a política entra em crise a arte é usada para luta de poder e dominação, como temos visto no país com falsos movimentos liberais numa jornada censória que não víamos desde os conturbados anos 60 e 70. Por isso, nestes tempos intolerantes a literatura pode colaborar um bocado para a reflexão e o embate e toda e qualquer restrição à arte e ao pensamento, por isso, neste post selecionamos 10 obras de leitura essencial (embora, intolerantes não leiam, e quando leem distorcem ou não compreendem o que leram), confira:
1 - Fahrenheit 451, de Ray Bradbury: Livro essencial para refletirmos sobre a censura ao pensamento e que dialoga com o momento intenso vivido pelo Brasil em que vozes reacionárias voltam-se à esquerda e à direita buscando justificativas para a censura, que é sem dúvida o maior ataque a qualquer liberdade individual;
2 - Incidente em Antares, de Érico Veríssimo: Acha que essa gritaria de "esquerdopata pra cá", "coxinha fascista pra lá"é de agora, não mesmo. Esse romance de Érico Veríssimo dos anos 70 serve para mostrar que nosso presente apenas repete um passado que deveria estar superado, pois o bate-boca da época, em principio ideológico é praticamente o mesmo de agora;
3 - Sombras de Reis Barbudos, de José J. Veiga: Uma ótima obra nacional para refletir sobre autoritarismo e autoritarismo mostrando através do insólito e do fantásticos o mecanismo de restrição a liberdade das pessoas, o clima de perseguição e denuncismo que vai cada vez mais cerceando a liberdade e instigando medo nas pessoas;
4 - 1984, de George Orwell: Indispensável leitura para quando deseja-se enfrentar o totalitarismo. Orwell talvez tenha feito a descrição perfeita e inalterável da opressão totalitária de modo que para a ideologia do Partido do Grande Irmão, até mesmo o pensamento era vigiado, vide o pensamento-crime. Leia o livro e reflita se a sanha censória de movimentos como o MBL e de setores religiosos não se encaixam perfeitamente com a Polícia de Ideias do Grande Irmão;
5 - Não Verás País Nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão: Muitas propostas de muitos candidatos para as próximas eleições trazem para a pauta o entreguismo, o descompromisso social, reação contra a intelectualidade e por aí vai. O produto de ideias deste porte foi muito bem retratado nesta distopia brasileira cujo cenário e desolador e cuja leitura é um baita alerta;
6 - O Tribunal de Quinta-Feira, de Michel Laub: Um dos poucos da lista que ainda não li (mas está na fila) e que vai debater algo cada dia mais intenso e tenebroso que é a nova roupa da inquisição medieval que se tornou o comportamento nas redes sociais, inclusive em distintos campos ideológicos;
7 - Todo Dia, de David Levithan: Sempre recomendo esse livro, para cabeças ocas, ele é ainda mais essencial, de modo que as pessoas de fato se conscientizem de que o corpo não passa de uma mera casca, mensagem que a obra passa com uma bela linguagem, que talvez pudesse colaborar em nossa luta contra a homofobia e a vergonha de ser o país em que mais se mata LGBTs no mundo;
8 - Holy Cow, de David Duchovny: Uma bela leitura para crianças, jovens e adultos que queiram ler uma reflexão sobre intolerância numa pegada leve, mas não menos questionadora e indignada;
9 - O Gigante Enterrado, de Kazuo Ishguro: Uma narrativa fantástica interessante sobre memória, e mais que isso, sobre o potencial do ódio, esse gigante que por horas adormece, mas então volta à superfície, como no Brasil, cujo gigante acordado pelo jeito foi o da intolerância;
10 - Meia-noite e vinte, de Daniel Galera: Esta é uma leitura que, creio, colaborar para por fogo na reflexão sobre uma geração desencantada, cuja parte dela hoje atira-se ao fascismo, outra perdeu-se da linearidade temporal e parece meio perdida no meio do tiroteio em que acordou.